segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

R.A.P.

"Hoje revê-se em algum partido?
Não exactamente, mas isso não me causa transtornos de maior. Isso de uma pessoa ter de se rever inteiramente num partido para votar nele é uma mariquice. Voto em quem tenho de votar e acabou-se. Nunca votei à direita do PC. Ou voto no Bloco ou no PC. E nunca fiz segredo disso. Volta e meia dizem-me que é muito grave eu não ser imparcial. Eu quero que a imparcialidade se foda, sabe? A última foi uma jornalista que concorre a eleições – integrada num partido, obviamente. Acha que eu devia ser imparcial. Uma jornalista, note. Com actividade partidária activa. Nada contra, mas não me venha chatear. Eu não gosto de humoristas imparciais – aliás, tenho até dificuldade de me lembrar de algum. Prefiro pessoas que tenham… como é que se chama aquilo? Opiniões, é isso. O humor parte de um ponto de vista sobre a realidade, e cada humorista tem o seu. Não tem o seu e o dos outros. Quando vou ler o Woody Allen, o que me interessa é saber o que ele pensa sobre as coisas. Não quero que diga que é ateu e depois escreva que é muito religioso porque a ERC o obriga a dar uma no cravo e outra na ferradura."

in Entrevista a R.A.P. no DN

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